Enquanto isso, na
sala de justiça brasileira, também no dia 16, o Estadão falou da queda do
dólar, do Lula e suas especulações sobre crise. A Folha de SP não ficou atrás e, também, falou da queda da bolsa e do dólar, além da emenda que prorrogaria a
CPMF.
A análise deste
acontecimento e sua noticiabilidade ou a falta dela em alguns veículos mais
importantes da América Latina faz parte da pauta de debates da V Semana de Integração e Resistência, da Universidade Estadual de
Ponta Grossa, realizada em 2008. Com o título de A solidão da América Latina
na grande imprensa brasileira, esta discussão levantada pelo professor mestre Alexandre Barbosa
apontou questões referentes às classes dominadoras e as dominadas.
De acordo com o
professor, “o jornalismo da grande
imprensa reproduz a história dos vencedores enquanto o jornalismo alternativo
se baseia na história das classes subalternas”. Essa área se tornou um
produto capitalista, com o processo de transformação da imprensa em indústria
jornalística.
Segundo Alexandre, por meio do rádio, da televisão, do cinema e das
revistas, o EUA conseguia, principalmente entre as décadas de 1930 e 1950, difundir
no Brasil seu desenvolvimento econômico e cultural. O modelo americano foi, de
acordo com ele, seduzindo os brasileiros e cativando cada vez mais a América
Latina. Alexandre aponta o uso do personagem brasileiro da Disney, o Zé
Carioca, e da cantora e atriz Carmem Miranda, que apesar de ser portuguesa,
representou na América do Norte o famoso jeitinho brasileiro de ser por meio do
tropicalismo.
O professor afirma que a americanização do jornalismo está presente na rotina da profissão até hoje. Exemplo disso
são os jargões técnicos, como teaser, lead, dead line, off, declaração em off, release, press
kit, newsletter, etc.
Segundo ele, a grande imprensa é feita pela elite e para elite, já que ela é
proprietária ou financiadora dos “aparelhos ideológicos do país”. Para Alexandre, a
cada momento histórico a imprensa assume uma posição, refletida nos meios de
comunicação. Já a imprensa alternativa, é a responsável pela recuperação da
história dos vencidos e dos excluídos.
Os jornalistas da grande imprensa adotam ''os óculos das empresas jornalísticas em que trabalham", na visão de Alexandre, que também fala sobre o mito da imparcialidade. Para ele, "a fantasia do jornalismo objetivo da grande imprensa disfarça o fato de ser o aparelho ideológico da América Latina Oficial", que só enxerga o mercado polarizado entre EUA e Europa e despreza a América Latina Popular. Essa última só é pauta para a imprensa alternativa, que é acusada de partidarismo, “como se a grande imprensa também não fosse”.
A saída apontada pelo
professor é o fortalecimento dos veículos de comunicação dos movimentos sociais
e o investimento na formação acadêmica de jornalistas. Eles deverão assumir
explicitamente sua ideologia: “falar para e sobre excluídos, realizar reportagens
de qualidade, fora da cartilha norte-americana, e ter olhos não só para os
demais países latino-americanos como para as periferias do Brasil”.
Isso possibilitará, de acordo com Alexandre, novas frentes de estudo para estruturar o processo de formação de militantes dos movimentos sociais e jornalistas para desenvolver novas mídias voltadas à América Latina Popular.
mto interessante esse blog.
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