24 de outubro de 2011

Mostra de cinema latina é adaptada para deficientes auditivos e visuais

BH é palco da 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul

O evento que acontece em todo o Brasil chegou a Belo Horizonte. Toda a programação da 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul é gratuita e as exibições contam com adaptações para deficientes auditivos e visuais. A Mostra acontece no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, e vai até o dia 31 de outubro.

Pela primeira vez, desde a sua criação em 2006, a mostra abrange todas as capitais brasileiras. O objetivo, segundo os organizadores, é consolidar o projeto como um dos principais instrumentos para a criação de uma cultura de paz, de direitos e liberdade no Brasil.

De acordo com a organização da mostra, “este grande evento nacional só é hoje possível em tais proporções pelo trabalho incansável de inúmeras pessoas, autoridades e anônimos, que acreditaram e acreditam que o fim das violações aos Direitos Humanos é uma meta a ser perseguida, principalmente com ações de promoção e divulgação das garantias e direitos fundamentais de nosso povo, numa verdadeira estratégia de formação de uma massa crítica dona de seu próprio destino”.

Os gêneros dos filmes apresentados são variados: documentários, ficções de humor, drama e ação. Todos produzidos por diretores latino-americanos, incluindo é claro, as produções brasileiras.

Os curtas, médias e longas metragens estão divididos em 24 temáticas, todas elas relacionadas à forma como são tratados os direitos humanos na América do Sul, como por exemplo:

- Direitos de Crianças e Adolescentes;
- Direito à Terra das Populações Tradicionais, Quilombolas e Afrodescendentes;
- Direitos dos Idosos;
- Direito à Cidadania LGBT;
- Direitos da Saúde Mental e Combate à Tortura e;
- Direito à Memória e à Verdade.

O diferencial desta 6ª edição da Mostra é que todos os filmes estão legendados para deficientes auditivos e têm audiodescrição para deficientes visuais.

A iniciativa do projeto é da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira e patrocínio da Petrobras, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

A programação completa, incluindo as sinopses dos filmes, está disponível no www.cinedireitoshumanos.org.br

Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes)
Av. Afonso Pena, 1537 – Centro.

23 de outubro de 2011

Por que a América Latina tem pouco espaço no noticiário da grande imprensa?

Sites de agências de notícia, como a BBC Brasil, informaram no dia 16 de agosto de 2007 que, na noite anterior, um terremoto de magnitude de 7,9 graus na escala Richter atingiu o Peru e deixou pelo menos 337 mortos e 827 feridos, segundo o Instituto Nacional de Defesa Civil peruano. Noticiaram também que o órgão não havia descartado a ocorrência de novos tremores.



No dia seguinte, o jornal chileno “El Mercurio” focou na potência do terremoto, deixando de lado a morte de 337 pessoas. Um dos destaques da edição desse jornal foi o transporte coletivo. Já o peruano “Correo”, de Chimbote, capital da Província de Santa, abordou o susto que a população local levou com os tremores ocorridos a 33 km de distância. No decorrer do dia 16, novas informações chegaram e esses sites de notícias publicaram várias suites

Enquanto isso, na sala de justiça brasileira, também no dia 16, o Estadão falou da queda do dólar, do Lula e suas especulações sobre crise. A Folha de SP não ficou atrás e, também, falou da queda da bolsa e do dólar, além da emenda que prorrogaria a CPMF.  


A análise deste acontecimento e sua noticiabilidade ou a falta dela em alguns veículos mais importantes da América Latina faz parte da pauta de debates da V Semana de Integração e Resistência, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, realizada em 2008. Com o título de A solidão da América Latina na grande imprensa brasileira, esta discussão levantada pelo professor mestre Alexandre Barbosa apontou questões referentes às classes dominadoras e as dominadas.

De acordo com o professor, “o jornalismo da grande imprensa reproduz a história dos vencedores enquanto o jornalismo alternativo se baseia na história das classes subalternas”. Essa área se tornou um produto capitalista, com o processo de transformação da imprensa em indústria jornalística.

Segundo Alexandre, por meio do rádio, da televisão, do cinema e das revistas, o EUA conseguia, principalmente entre as décadas de 1930 e 1950, difundir no Brasil seu desenvolvimento econômico e cultural. O modelo americano foi, de acordo com ele, seduzindo os brasileiros e cativando cada vez mais a América Latina. Alexandre aponta o uso do personagem brasileiro da Disney, o Zé Carioca, e da cantora e atriz Carmem Miranda, que apesar de ser portuguesa, representou na América do Norte o famoso jeitinho brasileiro de ser por meio do tropicalismo.

O professor afirma que a americanização do jornalismo está presente na rotina da profissão até hoje. Exemplo disso são os jargões técnicos, como teaser, lead, dead line, off, declaração em off, release, press kit, newsletter, etc.   

Segundo ele, a grande imprensa é feita pela elite e para elite, já que ela é proprietária ou financiadora dos “aparelhos ideológicos do país”. Para Alexandre, a cada momento histórico a imprensa assume uma posição, refletida nos meios de comunicação. Já a imprensa alternativa, é a responsável pela recuperação da história dos vencidos e dos excluídos.

Os jornalistas da grande imprensa adotam ''os óculos das empresas jornalísticas em que trabalham", na visão de Alexandre, que também fala sobre o mito da imparcialidade. Para ele, "a fantasia do jornalismo objetivo da grande imprensa disfarça o fato de ser o aparelho ideológico da América Latina Oficial", que só enxerga o mercado polarizado entre EUA e Europa e despreza a América Latina Popular. Essa última só é pauta para a imprensa alternativa, que é acusada de partidarismo, “como se a grande imprensa também não fosse”.



A saída apontada pelo professor é o fortalecimento dos veículos de comunicação dos movimentos sociais e o investimento na formação acadêmica de jornalistas. Eles deverão assumir explicitamente sua ideologia: “falar para e sobre excluídos, realizar reportagens de qualidade, fora da cartilha norte-americana, e ter olhos não só para os demais países latino-americanos como para as periferias do Brasil”. 

Isso possibilitará, de acordo com Alexandre, novas frentes de estudo para estruturar o processo de formação de militantes dos movimentos sociais e jornalistas para desenvolver novas mídias voltadas à América Latina Popular.

19 de outubro de 2011

Entrevista: Os países emergentes e a Nova Ordem Mundial

Desde o fim da Guerra Fria, a política internacional tem se modificado e se reinventado. A conjuntura atual aponta para a ascensão de diferentes polos de poder no mundo e os países emergentes, como o Brasil, possuem papel essencial neste novo ordenamento. Para comentar sobre o assunto, entrevistamos Lucas Amaral Leite, mestrando em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-graduação San Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/PUC-SP). O acadêmico é ainda consultor pelo Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais e tem estudado o papel, cada dia mais preponderante, dos chamados BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China).

Para aprofundar mais sobre o assunto, confira também o site oficial do Centro de Estudos e Pesquisas – BRICs.



Observal – Não se tem um consenso entre os acadêmicos sobre o ordenamento no enquadramento político do mundo pós-Guerra Fria. Você acredita que o ambiente internacional está seguindo para uma multipolaridade? Neste caso, qual o papel dos países emergentes, em especial o Brasil?

Lucas Leite – Sim, não tenho dúvidas de que estamos seguindo para um mundo multipolar. O papel dos Estados Unidos ainda é extremamente importante e é inegável seu poder econômico e militar, mas não se trata necessariamente de uma "diminuição" de poder, mas do aumento das capacidades de outros atores. Os países emergentes, em especial os BRICS e outros, como Turquia, Indonésia e México, têm um papel preponderante nesse reordenamento do sistema internacional. São eles que atualmente mantém níveis elevados de consumo interno, além de se perceberem como os novos mercados em potencial, uma vez que tem conseguido grande estabilidade econômica ao mesmo tempo em que aumentam a participação nos atuais fóruns de negociações multilaterais. Um exemplo é a atuação sino-russa no Conselho de Segurança em relação à Síria, em que vetaram uma resolução apresentada por países europeus.

                       





Observal – Com a ascenção do Brasil como potência regional, como você enxerga nosso papel na conjuntura latino-americana? Conseguiremos ser um líder regional?


Lucas Leite – A última década presenciou uma política externa brasileira mais assertiva em relação à América do Sul. É importante definir que a diplomacia brasileira hoje trabalha mais com o conceito de atuação brasileira no sub-continente sul-americano do que necessariamente com a ideia de América Latina. Isso diz muito em relação ao foco que se dá aos países da região e às instituições que são propostas. O Brasil cedeu em relação às demandas de países como Bolívia e Paraguai, mas num contexto de cooperação em que se pretende diminuir as desigualdades entre os vizinhos e essa talvez tenha sido a "jogada" mais inteligente de nossos formuladores de política externa. Não temos problemas com nenhum de nossos vizinhos e conseguimos lidar com os problemas que aparecem com grande desenvoltura. A criação da Unasul e do Conselho de Defesa Sul-Americano são exemplos de novas instituições em que o Brasil poderá demonstrar se tem a capacidade de ser, de fato, uma potência regional. Que o país está à frente de qualquer outro da região em termos econômicos, não há dúvida alguma. No entanto, se o país quiser ocupar um lugar de destaque nessas instituições, terá que perceber que os custos poderão ser maiores que os ganhos em alguns momentos – o que é típico das potências regionais, garantidoras da ordem e da estabilidade em geral.




Observal – Como você avalia a cobertura da mídia brasileira sobre a conjuntura latino-americana?


Lucas Leite – A mídia brasileira parece mudar junto do sistema internacional. O que antigamente significava um foco enorme nas relações com os EUA e a Europa, hoje segue outro ritmo. A cobertura avançou muito para as relações com a China e os outros países dos BRICs, por exemplo. Em relação à América Latina, é inegável que a cobertura também melhorou tanto quantitativamente quanto qualitativamente. Isso é um reflexo das relações brasileiras da última década, nossa maior presença na resolução de conflitos, na criação de instituições, parcerias comerciais, expansão do crédito pelo BNDES para países da região, etc. A mídia não necessariamente deixou de dispensar atenção aos principais centros de poder, mas percebeu – da mesma forma que nossos formuladores de política externa em geral – que não é possível fechar os olhos para os países que tem problemas parecidos com os nossos, que são nossos vizinhos e que representam grande potencial de parceria em termos políticos e econômicos.

13 de outubro de 2011

60 motivos para conhecer o cinema latino-americano

O público belorizontino não pode mais dizer que não tem acesso às produções midiáticas da América Latina. Começa nesta sexta-feira, 14, a LaMostra BH - 1ª Mostra de Cinema Latino-americano e Espanhol de Belo Horizonte. Inédita na capital, a mostra exibirá até o dia 20 deste mês mais de 60 longas e curtas-metragens espanhóis e latino-americanos. Todos os filmes terão legendas em português e toda a programação é gratuita. Os ingressos serão distribuídos 30 minutos antes de cada sessão.

Na programação, há produções da Argentina, Brasil, Espanha, México, entre outros países. Em destaque, a retrospectiva da obra de dois diretores: o argentino Hector Olivera e o espanhol Víctor Erice.

Cena do filme Foto do filme "Todas Las Canciones Hablan", em cartaz na mostra.



Além das exibições de filmes, o evento promoverá debates com diretores que discutirão temas relacionados ao cinema. Um deles é "A Espanha e a América Latina - Espaços de cinema", que terá a participação do diretor e roteirista espanhol Borja Cobeaga, do curador espanhol Javier García Puerto e do diretor argentino Hector Olivera. A mesa redonda acontecerá na segunda-feira, 17, às 18h, na biblioteca do Instituto Cervantes.

Ainda dentro da programação, o pianista e cravista Antônio Carlos de Magalhães fará um show de música espanhola dos séculos XVI, XVII e XVIII, na terça-feira, 18, às 20h no Sesc Palladium.

Outro destaque da mostra é a "Oficina de Roteiro Cinematográfico", conduzida por Borja Cobeaga. A oficina de 12 horas de duração será dividida em três dias: 17 e 18 de outubro no Sesc Palladium e 19 de outubro no Espaço 104. Estarão disponíveis 20 vagas. A inscrição custa R$80 e pode ser feita pelo telefone (31) 3789-1600.

O evento é uma iniciativa do Instituto Cervantes de Belo Horizonte.

Onde você confere o LAMOSTRA BH 2011 – 1ª Mostra de Cinema Espanhol e Latino-americano:


- Usiminas Belas Artes – Rua Gonçalves Dias, 1581 – Lourdes
- Biblioteca do Instituto Cervantes - Praça Milton Campos, 16 – Cruzeiro
- Sesc Palladium – Av. Augusto de Lima, 420 – Centro
- Centro de Cultura Belo Horizonte – Rua da Bahia, 1149 – Centro
- Espaço 104 - Praça Ruy Barbosa, 104 – Centro

Mais informações pelo tel.: (31) 3789-1600.


Programação completa aqui e sinopses dos filmes em exibição aqui.

12 de outubro de 2011

Conhecendo a América através da pesquisa

É inegável o despertar da mobilização política
e da luta social na América Latina.
De maneira inédita, tais mudanças exigem a produção
de um pensamento próprio, não colonizado, portanto, crítico e original.
Descobrimos no Brasil que também somos latino-americanos,
ainda que com uma certa inconsistência.
Mas isso não impediu que, aos poucos,
a universidade brasileira fosse criando núcleos
ou fragmentos de reflexão sobre Nuestra América
e que sindicatos, partidos políticos e outras organizações também se interessassem por nosso destino comum.

Esse é o pensamento do grupo de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)  que criou o IELA - Instituto de Estudos Latino-Americanos. O objetivo do projeto é reunir uma "potente organização de pesquisa, ensino e extensão, dedicada ao conhecimento da realidade da América Latina e ao deciframento de suas contradições".


  
Dentre as diversas atividades realizadas pelo grupo, encontram-se projetos de pesquisa, o observatório Latino-Americano (OLA), que articula diversas áreas com o propósito de compreender as políticas macro-econômicas que são adotadas pelos países da América Latina.

Outra vertente interessante abordada pelo grupo é o Rebela - Rede Brasileira de Estudos Latino-Americanos, que articula pesquisas e trabalhos referentes a AL entre universidades de vários estados do país.

Há também a Rádio IELA , que traz notícias, entrevistas e músicas referentes a "Nuestra América". o horário de transmissão é das 8h às 12h, de segunda à sexta-feira.

No site, encontram-se também vídeos relacionados a diversos temas relevantes sobre o Brasil, a América Latina e o mundo.

Entrevista com o professor de História da UFSC e membro do IELA, Waldir José Rampinelli. Ele comenta sobre as doutrinas dos Estados Unidos para a América Latina.

Gentes - vídeo realizado a partir do Projeto Retratos, uma realização do jornalista Zanini H, que através de suas andanças pelo país e pela América Latina, colheu as expressões das gentes trabalhadoras, das crianças brincantes, dos lutadores sociais.

O interessante desse grupo de estudos é que eles abordam vários aspectos da cultura Latino-americana e destacam desde os problemas sociais à cultura dos povos. Se você se interessou e quer saber, acesse o site e confira os projetos na íntegra.

11 de outubro de 2011

Guia Fala: Novo espaço para "películas"

Ao considerar o crescimento e a dinâmica do circuito dos festivais latino-americanos, percebe-se que o Guia Fala é uma plataforma para agregar. Lançado em agosto, o site idealizado pela jornalista Júlia Nogueira, reúne informações sobre festivais de produção audiovisual que acontecem na América Latina. Atualmente, o banco de dados já possui mais de 560 festivais e mostras de cinemas cadastrados.

Além de fomentar divulgação, participação e conhecimento acerca dos eventos, a iniciativa pretende contribuir para a geração de emprego e renda, construção de políticas públicas e investimentos da iniciativa privada relativa aos festivais audiovisuais da América Latina.

A página possui informações como locais dos eventos, data de realização, período de inscrições, temáticas, duração, perfil, formatos de obras aceitas etc. Criado para auxiliar cineastas, produtores, jornalistas, pesquisadores, estudantes e admiradores do tema, o site é interativo e possibilita ainda a participação em fóruns de discussão, além de espaço para que os próprios usuários contribuam com informações.

3 de outubro de 2011

Espaço América – Canal Futura

Uma programação voltada para a América Latina - que aborde temas que vão além dos estereótipos dos povos da região, parece quase impossível na televisão brasileira. Entretanto, o canal Futura abraçou a causa e, há mais de um ano, inseriu na sua grade, o Espaço América.

Todo domingo, a partir das 15h, o Espaço América invade as fronteiras que separam o Brasil do resto da América Latina para mostrar ao público o que há de melhor e mais belo na região. Durante cerca de 3 horas, o telespectador poderá assistir a séries, documentários, filmes e entrevistas sobre a história política, social e cultural do continente latino-americano.

Atualmente, o Espaço América conta com 2 séries e um programa que varia semanalmente. Uma das séries é a “Escritores em Primeiro Plano”, que conta sobre a vida e o trabalho de famosos escritores da América Latina e, em geral, entrevistando-os.
Outra série que está atualmente no ar, é a “Os Latino-Americanos”. A cada domingo, um país diferente é abordado de acordo com o olhar de jovens diretores e produtoras independentes. Os documentários e ensaios tentam mostrar as características que nos diferenciam e nos identificam como parte de uma mesma América Latina.

As produções são colaborativas e a idealizadora da série é a Televisión América Latinacada programa dura, em média, 50 minutos. Confira, abaixo, o início de um desses programas. O país abordado é a Colômbia:




Para assistir, na íntegra, a todos os programas que já foram produzidos, clique aqui!